A Síndrome de Burnout está destruindo a sua qualidade de vida e resultados no trabalho
Moritz era estagiário em um grande banco de investimentos em Londres e buscava a chance de ter uma carreira promissora quando conheceu um dos maiores vilões que espreita o ambiente de trabalho atual: a Síndrome de Burnout.
“Era”, porque aos seus 21 anos, ele foi encontrado morto no chuveiro do alojamento em que morava, após ter trabalhado por praticamente 72 horas seguidas.
O banco em questão é o gigante norte-americano Bank of America Merrill Lynch, sétima maior companhia do mundo, com mais de 200.000 funcionários e um faturamento em torno de 92 bilhões de dólares por ano.
Segundo a Agência Reuters, ex-estagiários do banco disseram ser comum jornadas diárias de até 20 horas, refeições no escritório e trabalho nos fins de semana.
Muitos deles falaram ainda sobre a prática de pegar um táxi depois do trabalho e deixar esperando na porta de casa, enquanto tomavam um banho rápido para voltar ao escritório.
Infelizmente, esse não é um caso extremo ou isolado.
Outro gigante do mercado global, a Orange, uma empresa francesa de telecomunicações, teve 35 suicídios de funcionários em apenas 2 anos. Entre eles, Stephanie, que enviou um email para o pai pouco antes de se jogar da janela do escritório.
A idade dela? Apenas 32 anos.
Em outro caso que ganhou repercussão internacional, o copiloto da Germanwings Andreas Lubitz, jogou o avião contra os Alpes Franceses com 150 pessoas a bordo. Ele apresentava sintomas da Síndrome de Burnout.
O problema é grave e não se restringe à grandes empresas, onde longas jornadas de trabalho e pressão por resultados pode gerar um nível de estresse brutal.
Para a maioria dos Empreendedores, Empresários e Profissionais Liberais, a linha entre “trabalho” e “vida” costuma ser muito tênue, a ponto de destruir qualquer chance de se levar uma vida de qualidade, equilibrada e saudável.
Mas como e por que chegamos a esse ponto?
E mais importante: O que podemos fazer para que o nosso futuro não seja interrompido pela Síndrome de Burnout?
É disso que trata este artigo, continue lendo para saber mais:
- O que é Síndrome de Burnout?
- Sintomas da Síndrome de Burnout
- Como a Síndrome de Burnout entra na nossa vida?
- Por que chegamos a esse ponto?
- Qual é a saída então?
O que é Síndrome de Burnout?
A palavra “burnout” em inglês significa “queimar por completo” e um número cada vez maior de profissionais se sentem assim: acabados, esgotados.
A síndrome ganhou esse nome nos anos 70, a partir de estudos do psiquiatra Alemão radicado nos EUA Herbert Freudenberger.
A pessoa com Burnout tem a nítida sensação de que a sua energia vital foi drenada e suas capacidades mentais foram exauridas. Isso resulta em queda acentuada na produtividade da pessoa.
“Cerca de 30% dos profissionais Brasileiros sofrem com a Síndrome de Burnout. Fruto de um cenário em que a competitividade e as cobranças por produzir mais, geram picos de estresse cada vez mais altos.”
-ISMA (International Stress Management Association)
Alguns sintomas da Síndrome de Burnout
A Síndrome de Burnout tem alguns sintomas parecidos com os da depressão, mas há diferenças entre as duas.
Enquanto a depressão muitas vezes surge sem um motivo aparente e pode estar ligada a componente genético, o Burnout é desencadeado por altas cargas de pressão, responsabilidade e estresse associados ao trabalho.
Entre os sintomas mais comuns estão:
- Cansaço físico e mental constante
- Dores de cabeça, musculares, no estômago
- Distúrbios do sono: dificuldade de dormir ou baixa qualidade do sono ou querer dormir todo tempo livre (um tipo de fuga)
- Diminuição do desejo sexual, distanciamento afetivo
- Dificuldades de memorização, falta de atenção e concentração
- Irritabilidade, isolamento
- Perda de interesse pelo trabalho
- Perda do prazer pelas coisas pessoais
- Alterações no apetite: falta ou excesso
Para ser “diagnosticado” como Burnout, a pessoa não precisa apresentar todos esses sintomas ao mesmo tempo. Geralmente, alguns deles surgem acompanhados por sentimentos de angustia, tristeza e uma sensação de que não há uma saída para aquela situação.
Como a Síndrome de Burnout entra na nossa vida?
O trabalho geralmente ocupa um papel central na nossa vida. É através dele que buscamos promover o crescimento pessoal e ter a vida dos nossos sonhos.
O problema é que durante essa jornada, alguns se esquecem que o trabalho é o “meio” para alcançar os objetivos da vida, não é a “finalidade” da vida.
E partir disso, surge uma perigosa combinação de sobrecarga de tarefas, excesso de distrações de uma vida hiperconectada, cobrança por resultados, prazos apertados e jornadas de trabalho cada vez mais longas.
Esse é o ambiente perfeito para uma crescente sensação de que não estamos “dando conta” de fazer tudo, que o tempo passa muito rápido e que o dia precisaria ter muito mais do que 24 horas.
Você se sente assim às vezes?
Então, é essa pressão psicológica constante – muitas vezes autoimposta – que acaba por destruir qualquer chance de uma vida equilibrada e saudável. O resultado disso: esgotamento físico e mental, a Síndrome de Burnout.
Por que chegamos a esse ponto?
Eu me lembro de quando comecei minha carreira na área comercial em 1995, eu viajava a semana inteira por 3 estados, fechando negócios e só voltava para casa no final de semana. Na segunda-feira pela manhã, ia para o escritório digitar os pedidos no sistema da empresa.
Sim, você não leu errado!
Alguns pedidos ficavam na minha pasta por 7 dias até que fossem digitados e não havia clientes reclamando sobre demora na entrega.
A noção de tempo naquela época era medido em dias.
Por exemplo, um cheque podia levar 7 dias para ser compensado na rede bancária e debitar o dinheiro da sua conta. Uma correspondência demorava até 2 semanas para ser entregue ao destinatário.
Hoje não aceitamos mais medir o tempo em dias, queremos tudo em tempo real.
Queremos ver o saldo da nossa conta atualizado assim que efetuamos um pagamento, queremos receber imediatamente a resposta do Whats que enviamos às 22h, mesmo sabendo que o expediente da pessoa terminou às 17 ou 18h.
Esse fluxo de atividade intenso e exponencial da vida moderna é um campo fértil para potencializar a pressão que o ambiente exerce sobre nós e a pressão que nós mesmos nos impomos ao abraçar tudo que surge pela frente, e querer fazer tudo ao mesmo tempo.
O problema é que o nosso cérebro não é multitarefa como pensamos, na verdade ele troca rapidamente de uma tarefa para outra, mas esse processo prejudica o seu rendimento e lá se vai a produtividade.
Pense no funcionamento do nosso cérebro como o de um computador, quanto mais programas você abre, mais lento o computador fica, até chegar a um ponto em que ele trava.
E a Síndrome do Burnout pode ser comparada àquela “tela azul” que aparece quando o nosso computador trava. O problema é que o nosso botão de reiniciar não funciona tão bem quanto o do computador.
Entre as categorias de profissionais mais afetadas, estão as que lidam diretamente com outras pessoas e as que são expostas a algum nível de sofrimento humano.
A Síndrome de Burnout faz muitas vítimas entre enfermeiros, professores, policiais, assistentes sociais, atendentes de telemarketing, bancários, advogados, jornalistas, empreendedores, empresários e executivos, mas não se restringe apenas a esses profissionais.
Entre todos os profissionais, as mulheres tem tido uma exposição maior, pois elas tendem a desenvolver suas funções profissionais e ainda tem as responsabilidades com a casa, os filhos, o marido e muitas vezes, pais e avós.
Qual é a saída então?
Todas as facilidades geradas pelos avanços da tecnologia digital deveriam servir para automatizar tarefas, diminuir nossa carga de trabalho, nos tornar mais eficazes e até, mais felizes.
Porém, a maioria das pessoas tem visto a revolução digital da seguinte forma: “Se você está conectado 24 horas por dia, deve trabalhar 24 horas por dia”.
Esse tipo de mentalidade tem afetado não só a saúde das pessoas, mas também das organizações, causando impactos negativos na geração de resultados financeiros em função de grandes descompassos na qualidade de produtos e serviços, quedas de produtividade, perda de talentos e alta rotatividade de funcionários.
A síndrome de Burnout possui tratamento e merece atenção especial, uma vez que ataca o biológico, psicológico e social do indivíduo. Comumente é tratada com medicação associada à terapia psicológica.
Entretanto, melhor que tratar é prevenir, e aqui vão algumas dicas que podem fazer a diferença:
- Evite ao máximo a monotonia e rotina no trabalho – às vezes, uma simples mudança como trabalhar em outra sala ou mesa por algum tempo, pode ajudar
- Não confunda carga horária com produtividade. Use ferramentas de gestão de tempo para ser mais eficaz e conclui tarefas no menor tempo possível
- Melhore as condições físicas do ambiente de trabalho, como um mobiliário ergonômico, iluminação adequada, conforto térmico e acústico
- Fortaleça suas relações interpessoais no trabalho – sem conexão com as pessoas fica difícil “se abrir” ou obter cooperação
- Dedique regularmente tempo para outros interesses não ligados ao trabalho, como um hobby por exemplo
- Além do aperfeiçoamento profissional, invista também no autoconhecimento, sem isso, fica difícil identificar o que realmente quer da vida e quais seriam seus objetivos profissionais e pessoais.
- Essa você já sabe, mas não custa relembrar: pratique algum esporte ou tipo de exercício regularmente
Quer mais?
Faça o Teste de Burnout e descubra se você, sua carreira e saúde estão em perigo.